segunda-feira, 4 de abril de 2011

Para a Juventude de Hoje

Meu companheiro, ou minha companheira, que estagia no corpo físico na romagem juvenil, o tempo no qual te movimentas é, indubitavelmente, o de resoluções decididas para os labores junto à esfera dos Servidores do Cristo.
Sei que consideras pesados os fardos que pesam nos teus ombros, quando sofres exigências nos estudos intelectuais, na cooperação doméstica, na diminuição dos folguedos em nome da economia do lar, nas disciplinas indispensáveis para que dês conta de todos os deveres que te cabe atender.
Admito que te insurjas, aqui ou ali, justificando deter as rédeas da tua liberdade e que, desse modo, tens o domínio dos teus destinos.
Se o que pensas e dizes parece pertinente. Se os teus argumentos se mostram legítimos, o que não deverás esquecer é a situação espiritual que te trouxe à Terra, nas malhas da reencarnação.
Vieste ao mundo, meu amigo, ou minha amiga, em regime de emergência para que o tempo de transformações terrenas seja-te útil, oferecendo-te ensejo para que te libertes das peias e da canga de perturbações e limites que embargavam tua marcha nas estações espirituais.
Chegaste ao mundo corpóreo, cheio de sonhos de liberdade legítima, embora muitas vezes o que anseias é te colocares sobre os trilhos soltos da libertinagem.
Encontraste o berço terrestre nos braços aconchegantes dos que te aceitaram e receberam, para que desenvolvas os teus recursos intelectivos, a tua formação moral, de modo a completares, pouco a pouco, a tua bagagem espiritual.
Aprende desse modo a reivindicar tudo de bom e de belo, de justo e de grandioso que te faz falta na caminhada, ou que os teus irmãos mais próximos estejam carecendo. Não obstante, considera que, quando cobras de terceiros as posturas corretas, lisas, límpidas, pões-te no dever de agir de melhor modo, tornando-te, tu mesmo, excelente inspiração para tantos outros jovens que avançam na mesma estrada em que segues, sem que saibam ao certo o que desejam.
Trata, dessa forma, de te afastares de toda proposta da violência terrestre; porém, mostra-te pacífico onde estejas, qualquer que seja a problemática.
Busca te distanciares dos acordos da corrupção; contudo, trabalha, opera as tuas ações com lisura, com transparência.
Jamais aplaudas a confusão instalada por administradores públicos que se mostrem embotados com relação ao dever de atender com bons serviços à comunidade; mas, aplica o teu discernimento, a tua lucidez, no esforço de auxiliar tanta gente que te roga socorro através de atitudes exóticas ou da obtusidade com que encaram a vida.
Luta para que a tua sociedade chegue a posições políticas de maturidade e decência, em tempo mais próximo possível; entretanto, meu irmão, ou minha irmã, age com grandeza e claridade política, preservando-te do vandalismo em qualquer nível, da indiferença com a coisa pública, da condenação vazia. Torna-te um indivíduo iluminado pelas luzes da fé em Deus e nas potencialidades humanas, a começar por tua consciente e digna participação para esse mundo em processo de reformas.
Vieste ao planeta para que chegues à vitória. Intenta-o com entusiasmo e dedicação, valorizando todos os teus momentos, tanto os de júbilo quanto os de tristeza, de modo a constatar importância do tempo que o Pai te assegura como matéria prima da tua evolução.
Vieste ao mundo na condição de velho caminhante do progresso, revestido de nova indumentária biológica. Não menosprezes esse veículo; utiliza-o com bom senso e com carinho para o desfecho feliz da tua existência.
Vieste à Terra, enfim, para cooperar com Jesus, enquanto, por teu turno, elaboras a própria ascensão para o Criador.
Assim, companheiro, ou companheira, perante os lances difíceis do nosso mundo em fase de mudanças, procura não te tomares um peso demasiado sobre o solo planetário. Procura não te colocares nas barricadas do apedrejamento e da condenação por tudo que saibas, vejas ou sintas, mas oferta a tua cota de esforços, de trabalhos, de participação amadurecida, de confiança na ação inefável de Deus à frente dos teus próprios passos, diminuindo dessa forma o negativismo que se converte em névoa turva, impedindo-te a visão de um tempo melhor.
O mundo terrestre carece da tua dedicação ao bem.
Vem, atende ao chamado do Senhor e age sem desânimo, sem impertinência, mas com determinação e espiritual valentia.
(mensagem psicografada pelo médium Raul Teixeira, em 22.2.1998, em Pedreira-SP)

Mediunidade e Juventude

Na nossa avaliação um dos capítulos mais bonitos e simbólicos da história do Espiritismo é a participação de elementos jovens no processo de codificação da Doutrina.
Como registram as pesquisas espíritas, Allan Kardec contou com a colaboração especial de 4 jovens sensitivas na confecção da primeira edição de O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
Segundo a tradição histórica, essas corajosas vanguardeiras da mediunidade encontravam-se entre a adolescência e as primeiras clarinadas da juventude e chamavam-se Julie Baudin, Caroline Baudin, Ruth Japhet e Aline Carlotti.
Aparentando muita preocupação com a segurança ( física, psicológica e espiritual) de suas colaboradoras, Kardec sempre as deixou envoltas em um véu de semi-anonimato, pois o preconceito contra a mulher ainda era monstruoso naquela época.Para se ter um idéia dessa realidade, basta lembrar que 129 operárias americanas foram queimadas vivas dentro de uma fábrica, pelo crime de reivindicarem salários iguais aos dos homens, a apenas 41 dias do lançamento de O Livro dos Espíritos.
E, além de mulheres, as tuteladas do Mestre de Lyon ainda eram jovens e paranormais! Um prato cheio para a mentalidade vitoriana dessa época.
Essa acertada preservação, todavia, fez com que pouquíssimos dados sobre as quatro moças chegassem ao século XX. Principalmente no que diz respeito às suas histórias pessoais. No aspecto formal, suas participações foram, sinteticamente, as seguintes:
Julie e Caroline Baudin, psicografaram a quase totalidade das questões de O Livro dos Espíritos nas reuniões familiares dirigidas por seus pais e assistidas pelo Codificador( 1);
Ruth Japhet foi a medianeira responsável pela revisão completa do texto, incluindo adições (2);
Aline Carlotti fez parte do grupo de médiuns através do qual Kardec referendou as questões mais espinhosas do livro, fazendo uso da concordância dos ensinos ( 3).
Há cerca de três anos, foi editada uma obra que nos permite conhecer alguns dados a mais sobre a vida dessas moças. Seu nome é O Livro dos Espíritos E sua Tradição Histórica e Lendária, escrita por Silvino Canuto de Abreu e editada pelo Lar da Família Universal, através das edições LFU ( Rua Guaricanga, nº 357, São Paulo, capital.)
Canuto de Abreu dispensa apresentação como historiador espírita ( para quem não o conhece há uma ficha biográfica no inicio do livro).Essa obra póstuma é uma compilação dos artigos que ele escreveu no jornal UNIFICAÇÃO da USE - União das Sociedades Espíritas do Estado de S. Paulo, de abril de 1953 a junho de 1954, contando, de forma romanceada, como teria sido o 18 de abril de 1857, além de outros detalhes sobre o circulo de amigos e discípulos de Kardec. Esses textos permaneciam inéditos em livro.
O opúsculo, contudo não esclarece em que fontes Canuto colheu algumas informações, até então desconhecidas. Essa resposta pode ser encontrada numa biografia do confrade paulista, contida na coletânea PERSONAGENS DO ESPIRITISMO de Antonio de Souza Lucena e Paulo Alves Godoy: "Ao longo de sua vida laboriosa e de suas numerosas viagens ao exterior, conseguiu amealhar livros e documentos raros, formando imensa biblioteca. Durante a II Grande Guerra Mundial, quando os exércitos alemães que invadiram a França, tornou-se depositário de alguns documentos históricos que estavam em poder da Sociedade que dirigia os destinos do Espiritismo naquela importante nação européia " (4).
Com o conhecimento desses fatos, fica mais clara a mensagem do Espírito Emmanuel, psicografada pelo médium Francisco C. Xavier e dirigida a Canuto, reproduzida no inicio de A TRADIÇÃO HISTÓRICA E LENDÁRIA, a título de abonação transcendental:
"As tuas anotações, quanto à história dos pioneiros do Espiritismo, não constituem obra do acaso e sim tarefa de elevado alcance moral para a causa que pretendemos defender. Não definem mero arranjo literário para alimentar os caprichos de leitores famintos de novidade e emoção, nem compõem tessitura de fios dourados de ficção, objetivando efeitos especiais em nossos arraiais doutrinários. A tua obra é a revivescencia de lembranças, que os soldados e operários de nosso movimento não podem esquecer sob as cinzas, de modo a içarem, cada vez mais alto, o estandarte luminoso da Nova Revelação, confiado aos homens para a glorificação de nossos mais elevados destinos. Imprescindível te mostres digno de tão sagrado depósito, espalhando-lhe as cintilações com todos os trabalhadores da Doutrina de amor e luz que à quase um século vem despertando a consciência da Humanidade..."
Por isso acreditamos que essa obra do Dr. Canuto é leitura indispensável para todos aqueles que se interessam pelo aspecto histórico do Espiritismo.
Dentre outros importantes relatos da epopéia kardequiana, é nela que vamos encontrar várias informações inéditas e especificas sobre nossas jovens e vanguardistas confreiras:
  • suas idades exatas (Julie, 15 anos; Caroline, 18; Ruth e Aline, 20 anos);
  • a descrição física de Caroline e Ruth;
  • dados sobre a infância das meninas Baudin e da senhorita Japhet; a amizade das três moças; revelações sobre encarnações passadas de Julie, Caroline e Ruth; O noivado de Mademoiselle Japhet(5); a falsa neuropatia de Ruth, acertadamente definida pelo sr.Roustan como " pura influência das almas desencarnadas".
Canuto também conta detalhes acerca de uma outra jovem médium, muito importante para a história do Espiritismo: Ermance Dufaux de apenas 16 anos. Natural de Fontainebleau e filha de um triticultor e vinhateiro de abastadas posses, Ermance, aos 12 anos, também foi vitima de uma nevropatia, definida pelo médico Clever de Maldigny, de Versalhes, como " mediunidade", uma doença contagiosa (sic) importada da América. Uma semana depois do diagnóstico, a família Dufaux, procurando a cura da mocinha, recebeu a visita do magnetizador Marquês de Mirvile. Estimulada pelo pesquisador, Ermance entrou em transe mediúnico e recebeu sua primeira mensagem psicográfica, assinada por Luís IX, Rei de França, canonizado pela Igreja em 1297 e antepassado de Mirvile.
Em 1855, aos 14 anos, já totalmente reequilibrada e com a mediunidade integrada em sua vida, Mlle. Dufaux publicou, através do editor Meluu, de Paris, o livro A HISTÓRIA DE JOANNA D’ARC DITADA POR ELA MESMA, de autoria do Espírito Joanna D’Arc. Segundo Canuto, Ermance e seus pais, convidados e trazidos por Me. de Plainemaison, conheceram Kardec na noite de 18 de abril de 1857, ao comparecerem à pequena recepção festiva organizada pelo Codificador em seus apartamentos, com a finalidade de comemorar o lançamento de O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
No final dessa reunião, a jovem paranormal recebeu bela página do Espírito São Luís, que se tornaria, a partir de então, uma espécie de supervisor espiritual dos trabalhos experimentais de Allan Kardec. No final daquele ano, a médium receberia outra importante mensagem, estimulando o Mestre a prosseguir no ideal de lançar um periódico espírita.
Em 1858, o sr. Dufaux, pai da sensitiva, ajudaria Rivail a conseguir a autorização legal para o funcionamento da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, onde Ermance atuou como médium principal durante algum tempo(6).
Depois dessa fase, parece que a família voltou a Fontainebleau, pois a última psicografia da srta. Dufaux, recebida na Sociedade Espírita, foi publicada na Revista Espírita em novembro de 1858.
Canuto revela em seu livro que Ermance de La Jonchére Dufaux colaborou como médium na elaboração da 2ª edição de O LIVRO DOS ESPÍRITOS que foi revista, reestruturada, ampliada e divulgada pelo Codificador em março de 1860.Em junho, também é reeditada a obra A HISTÓRIA DE JOANNA D’ARC DITADA POR ELA MESMA pela Livraria Ledoyen, de Paris. O Mestre de Lyon saúda o fato com alegria e entusiasmo na Revista. No Auto-de-fé de Barcelona, promovido pela Inquisição espanhola em 1861, vários exemplares desse livro foram queimados junto com as obras de Kardec.
Por tudo isso, não faz sentido o comportamento de alguns dirigentes espíritas que vedam - radicalmente - o acesso de jovens às reuniões mediúnicas.
É lógico que a decisão de autorizar um rapaz ou uma moça, na adolescência ou saindo dela, a freqüentar um grupo mediúnico é uma coisa que deve ser muito bem pensada e avaliada. Principalmente no que diz respeito à real necessidade e capacidade física e psíquica dos postulantes, pois sabemos que essa fase da vida é relativamente complicada, em decorrência de automatismos biológicos e psicológicos que a caracterizam. Além disso, existem as obrigações escolares e, muita vezes, de forma paralela, a necessidade do trabalho remunerado, tomando todo o tempo diário do indivíduo. Há também a influência dos namoros, grupos sociais( tribos ou galeras), diversões, agremiações políticas e outras variadas formas de pressão psicossocial. Sem falar na compulsão da simples curiosidade(7).
Contudo, medida bem diferente é baixar uma norma padrão, simplesmente proibindo ( ou dificultando em demasia - o que é quase a mesma coisa) a presença de qualquer jovem nas reuniões mediúnicas, inviabilizando o inicio da tarefa daqueles que realmente apresentam sensibilidade acentuada e precisam trabalhar mediunicamente para não deixarem suas instrumentações psíquicas desassistidas.
O jovem paranormal deve receber estímulo e atenção e não desconfiança e indiferença por apresentar sintomatologia mediúnica. Aliás, nem todos os adultos estão isentos dos mesmos cuidados, pois, segundo Kardec, " há crianças de doze anos a quem tal coisa afetará menos do que a algumas pessoas já feitas"(8).
Em O LIVRO DOS MÉDIUNS, os espíritos superiores afirmaram que não há idade precisa para o inicio da prática mediúnica, pois tudo depende do desenvolvimento físico e, mais ainda, do desenvolvimento moral(9).Na atualidade, Divaldo P.Franco ousou ser mais pragmático: " Parece-me que, a partir dos quinze anos, aos dezesseis, teremos uma idade, senão ideal, pelo menos propiciatória para que o jovem, que participa de nossas atividades doutrinárias no movimento da sua idade, possa também compartilhar das experiências mediúnicas..."(10).
Levando em consideração todos esses fatores, o dirigente doutrinariamente bem preparado deve analisar profundamente cada caso, de maneira diferenciada. É tudo uma questão de bom-senso.E acompanhamento...
Que, porém, jamais se esconda do jovem que mediunidade é responsabilidade a mais em suas vidas. Ou, como disse o Espírito Ivan de Albuquerque, pela psicografia do sensitivo José Raul Teixeira, que também se iniciou muito jovem na tribuna espírita e na mediunidade: " Se, no estuário da juventude, o apelo mediúnico te chega, não lamentes a perda da folgança, suposta própria da idade. Mantém-te alegre e prazenteiro, guardando-te, inobstante, no bojo da responsável conduta, que não deixará que te percas pelos dédalos da loucura que são próprias não da mocidade, porém de todos os indivíduos estúrdios e irrefletidos, em qualquer fase etária em que estejam"(11).
NOTAS:
  1. REVISTA ESPÍRITA, 1858, JAN. P.35, EDICEL;
  2. IBIDEM;
  3. O MESTRE CITA ESSA ÚLTIMA CHECAGEM EM OBRAS PÓSTUMAS, P.270 (26ªEDIÇÃO DA FEB).ALINE ERA FILHA DE SR. CARLOTTI, UM DOS INICIADORES DE KARDEC NAS COISAS DO INVISÍVEL.EM OBRAS PÓSTUMAS HÁ UMA MENSAGEM DO ESPÍRITO DE VERDADE, RECEBIDA PELA SRTA.CARLOTTI( PAG.281, DA EDIÇÃO CITADA).MAIS DETALHES SOBRE O PRINCIPIO DA VERIFICAÇÃO UNIVERSAL PODEM SER ENCONTRADOS NA INTRODUÇÃO(II) DO EV.SEG.O ESP.;
  4. P.206,ED.FEESP;
  5. ATRAVÉS DE OBRAS PÓSTUMAS( P.271, EDIÇÃO CITADA), JÁ SABÍAMOS DO CASAMENTO DAS MENINAS BAUDIN, MAS DESCONHECÍAMOS O DE RUTH.ESSES EVENTOS EXPLICAM O DESAPARECIMENTO PÚBLICO DE TÃO GRANDIOSAS MÉDIUNS.
  6. COM A SAÍDA DE ERMANCE, SÃO LUÍS PASSOU A UTILIZAR-SE DE OUTROS INTERMEDIÁRIOS, DENTRE OS QUAIS SR.ROSE,SRTA.HUET,SR.COLIN E SRA.COSTEL.
  7. A PRÁTICA DO ESPIRITISMO DEMANDA MUITO TATO, PARA A INUTILIZAÇÃO DAS TRAMAS DOS ESPÍRITOS ENGANADORES.SE ESTES ILUDEM HOMENS FEITOS, CLARO QUE A INFÂNCIA E A JUVENTUDE MAIS EXPOSTAS SE ACHAM A SER VITIMAS DELES.AS EVOCAÇÕES FEITAS ESTOUVADAMENTE E POR GRACEJO CONSTITUEM VERDADEIRA PROFANAÇÃO, QUE FACILITA O ACESSO AOS ESPÍRITOS ZOMBETEIROS, OU MALFAZEJOS" ( O LIVRO DOS MÉDIUNS, CAP.XVIII, ITEM 222).
  8. O LIVRO DOS MÉDIUNS, CAP.XVIII, ITEM 221, 8ª PERGUNTA.
  9. IBIDEM
  10. PALAVRAS DE LUZ, PAG.47, EDIÇÃO FEB.
  11. CÂNTICO DA JUVENTUDE, PAG " JUVENTUDE E MEDIUNIDADE", EDITORA FRÁTER.IVAN DE ALBUQUERQUE FOI UM JOVEM ORADOR ESPÍRITA, MORTO EM ACIDENTE FERROVIÁRIO.
  12. Mauro Quintella

A Importância do Jovem na Sociedade Espírita Caminho da Paz

“Tampouco deveis recusar a admissão dos jovens.A gravidade da assembléia espírita beneficiará o seu caráter. – Allan Kardec em Viagem Espírita 1862.

Espaço para jovens no Centro? Qual deverá ser o espaço do jovem no centro espírita? Esta é uma questão que sempre surge nas atividades doutrinárias, em que embalados pela mensagem do Espiritismo, os jovens reúnem-se alegremente a fim de não apenas confraternizar, mas acima de tudo estudarem a Doutrina Espírita e desta forma conscientizarem de suas responsabilidades perante a tarefa de divulgar e administrar futuramente uma instituição espírita.

Essa necessidade de encontrar seu espaço na sociedade, um território em que possa opinar, criar e transformar – até porque o jovem carrega consigo ventos de mudança e precisamos compreendê-lo –, é uma busca constante da juventude. E os jovens espíritas que se apaixonam pela Doutrina dos Espíritos e querem servir a Jesus, também procuram um espaço para atuar na casa espírita a que se afeiçoaram, ou por se identificarem com a proposta doutrinária e com o modo operacional da instituição ou porque encontram afinidade e confiam nas pessoas ali presentes, querendo também se dedicar ao ideal da sublime legenda da ação social espírita: “Fora da caridade não há salvação.”

Quando Allan Kardec propõe a inclusão do jovem espírita nas reuniões, está dando-nos o ensejo de perceber algo muito significativo no campo da educação espírita. A gravidade da assembléia espírita a qual ele se refere está vinculada à profundidade das temáticas abordadas e a sua relevância para a vida de todos nós, trazendo-nos numa leitura reflexiva sobre seus postulados exarados na Codificação, a conscientização da grande máxima: “Nascer, viver, morrer, renascer ainda, e progredir sem cessar, tal é a lei. (O que é o Espiritismo)

Não temos o direito de ignorar a presença dos jovens na casa espírita, deixando de lhes fornecer uma atividade educativa de qualidade, onde possam não somente estudar mas também emprestar sua saúde, força e inteligência às atividades inerentes à divulgação do Espiritismo. E os mesmos precisam atentar a necessidade de somar esforços com os mais experientes, para que em nossa messe possamos colaborar com Jesus na transformação da Terra para um planeta de regeneração.


O Jovem e o Espiritismo

1. INTRODUÇÃO

O nosso propósito é obter conhecimentos sobre as tendências da mentalidade juvenil, no sentido de melhor encaminhar o jovem para a potencialização de sua dimensão social e espiritual, não só dentro de uma Casa Espírita, mas também no lar e na sociedade.

2. INFÂNCIA E JUVENTUDE DE ACORDO COM A PSICOLOGIA E CIÊNCIAS AFINS

2.1. INFÂNCIA

A infância é uma longa fase de preparação e de elaboração da personalidade. Contrariamente aos animais, o bebê da raça humana possui poucas capacidades inatas. Nos primeiros meses a criança não percebe ainda as formas precisas dos seres, nem as distâncias das coisas, nem as cores diversificadas, nem a configuração das pessoas. Contudo, com o passar do tempo, vai adquirindo o poder de assimilar, de recriar, etapa por etapa, todas as conquistas da civilização.

Pode-se dizer que a mentalidade infantil caracteriza-se por:

a) egocentrismo (geral e não pejorativo);

b) ênfase ao concreto em contrapartida ao abstrato;

c) não possuidora do conhecimento de si mesmo, que o distingue dos outros;

d) nível baixo de atenção e de concentração;

e) desejo de permanecer num estado de despreocupada liberdade e ter uma vida ativa e aventureira. (Gauquelin, 1987)

2.2. JUVENTUDE

Na Conferência Internacional sobre a Juventude realizada em Grenoble (1964), a UNESCO estabeleceu o seguinte conceito de juventude: "O termo juventude designa um estado transitório, uma fase da vida humana de começo bem definido pelo aparecimento da puberdade; o final da juventude varia segundo os critérios e os pontos de vista que se adote para determinar se as pessoas são ‘jovens’. Por juventude entende-se não só uma fase da vida, mas também os indivíduos que pertencem aos grupos de idade definidos com jovens".

Na análise da juventude ou adolescência, distingue-se:

a) Adolescência Biológica

Numa etapa cujo início depende de fatores climáticos, começa uma série de fenômenos físico-químicos em algumas glândulas de secreção interna. Parece que a glândula que inicia todo o processo é a hipófise, especificamente a adeno-hipófise.

A adolescência biológica é um fenômeno comum a todas as espécies animais, com a diferença de que no homem dura muito mais. Além disso, na espécie humana, as motivações sexuais se acham mais desvinculadas da taxa sangüínea em hormônios sexuais.

b) Adolescência Psicológica

A adolescência psicológica, ao contrário, é imposta por fatores culturais. É em essência um período de adaptação às normas culturais de um grupo: precisamente naquele em que vive o adolescente. Por isso, entre os romanos a adolescência consistia no cursus honorum: aos 40 anos um homem podia aspirar a ser eleito cônsul, mas até lá era só adolescente. Entre os aborígenes australianos, a adolescência é antes, pois a cerimonia de iniciação da puberdade praticamente marca o fim da infância e converte o indivíduo em membro adulto do clã. Já na civilização ocidental o processo de "adultização" é muito mais longo; o homem só é adulto quando goza de absoluta independência econômica e conseguiu inclusive fundar um lar. (Dicionário de Ciências Sociais)

2.3. O JOVEM-ADULTO

Como o termo juventude pode expressar pessoas de 7 a 77 anos, seria melhor falar não de juventude, mas de jovem-adulto, ou seja, pessoas na faixa etária entre 14 e 24 anos. Mas mesmo aí este termo está embutido de ambigüidade. Por exemplo, um moço que exerce alguma atividade profissional aos 18 anos deve ser considerado jovem ou adulto? E aquele outro que, aos 23 anos, participa de uma atividade de reflexão, é jovem ou adulto? (Polis –Enciclopédia Verbo)

3. INFÂNCIA E JUVENTUDE DE ACORDO COM A DOUTRINA ESPÍRITA

A Doutrina Espírita, que tem a lei da Reencarnação como fundamento básico, esclarece-nos que um ente na fase infantil pode designar um Espírito velho, possuidor de muitas outras vivências. Por isso, a assertiva do Cristo de "Deixar vim a mim as criancinhas, por que delas é o reino de Deus", está centrada no período em que o Espírito passa num corpo infantil e não na idade do Espírito propriamente dito. As perguntas 379 a 385 de O Livro dos Espíritos , de Allan Kardec, esclarece esta questão.

Assim sendo, e de acordo com o Espírito Emmanuel, a educação da criança deve começar no ato da concepção. É justamente no momento em que o Espírito reencarnante está adentrando no mundo físico, que ele necessita das vibrações dos seus progenitores para dar continuidade à sua tarefa. No caso de haver divergências ou dívidas de outras vidas, o momento é ainda mais propício, porque como o corpo ainda é tênue, ele pode já ir assimilando as energias que irão modificar o seu temperamento e o seu caráter.

4. DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA PERSONALIDADE

Os psicólogos falam do desenvolvimento integral da personalidade humana. Acham que cada idade deve receber o alimento adequado em instrução e afeto. É como adubar uma planta: se lhe dermos muita água, podemos encharcá-la; se lhe dermos pouca, pode não crescer o suficiente. De modo que o meio termo é o ideal.

Nesse sentido, Pestalozzi, o mestre de Kardec, preconizava que a educação deve estar centrada no desenvolvimento integral "da mente, do coração e das mãos", ou seja, o raciocínio deve estar em equilíbrio com as emoções e o seu estado físico.

Espiritismo, que é o libertador de consciências, nada mais faz do que desenvolver a integralidade da personalidade humana, pois nos oferece as ferramentas necessárias para ligarmos os fatos presentes com os do passado e os do futuro. Sendo assim, um sofrimento atual, como a morte de uma criança, cuja explicação foge-nos do controle, pode ser encontrado numa encarnação passada.

5. JOVEM NO CENTRO ESPÍRITA

A cada dia mais jovens procuram uma Casa Espírita. É preciso que os mais velhos abram espaços para eles. Não como nós gostaríamos que fosse, mas da maneira como eles necessitam de se expressarem.

Os Cursos de Evangelização Infanto-juvenil, teatro e atividades sociais, como auxiliar em Chás Beneficentes e campanhas para arrecadação de alimentos são sempre estimuladoras de sua participação.

No Centro Espírita Ismael, como forma de lhes dar mais atividade, estamos criando um Rádio Interno, em que através deles, estaremos divulgando todo o manancial de informações aos nossos freqüentadores.

6. MENSAGEM AOS JOVENS

  • "Foge também aos desejos da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor." — Paulo (II Timóteo, 2, 22.)

  • Moderar as manifestações de excessivo entusiasmo, exercitando-se na ponderação quanto às lutas de cada dia, sem, contudo, deixar-se intoxicar pela circunspecção sistemática ou pela sombra do pessimismo.

    O Culto da temperança afasta o desequilíbrio.

    Anotar a extensão das suas forças, consultando sempre os corações mais amadurecidos no aprendizado terrestre, sobre as diretrizes e os passos fundamentais da própria existência, prevenindo-se contra prováveis desvios.

    Invigilância conservada, desastre certo.

    Guardar persistência e uniformidade nas atitudes, sem dispersar possibilidades em múltiplas tarefas simultâneas, para que não fiquem apenas parcialmente executadas.

    Inconstância e indisciplina são portas de frustração.

    Abster-se do mergulho inconsciente nas atividades de caráter festivo, evitando, outrossim, o egoísmo doméstico que inspire a deserção do trabalho de ordem geral.

    A imprudência constrói o desajuste, o desajuste cria o extremismo e o extremismo gera a perturbação.

    Apagar intenções estranhas aos deveres de humanidade e ao aperfeiçoamento moral de si mesmo.

    A insinceridade ilude, primeiramente, aquele que a promove.

    Buscar infatigavelmente equilíbrio e discernimento na sublimação das próprias tendências, consolidando maturidade e observação no veículo físico, desde os primeiros dais da mocidade, com vistas à vida perene da alma.

    Os compromissos assumidos pelo Espírito reencarnante têm começo no momento da concepção. (Xavier, 1981, cap. 2)

    7. CONCLUSÃO

    Saibamos cuidar bem dos valores morais de nossa juventude. São estes os fundamentos que irão moldar-lhes o caráter e a personalidade.

    8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

    GAUQUELIN, M. e F. Dicionário de Psicologia. Lisboa/São Paulo, Verbo, 1987.
    KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995.
    SILVA, B. (coord.) Dicionário de Ciências Sociais. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 1986.
    XAVIER, F. C. Conduta Espírita, pelo Espírito André Luiz. 8. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1981.


    para saber mais informações:http://www.ceismael.com.br/artigo/jovem-e-espiritismo.htm

    Primeira postagem

    Este será o blog da tropa de elite
    que comece a nossa missão
    espelhar PAZ e AMOR!